segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ARRITMIA CARDÍACA - FIBRILAÇÃO ATRIAL



Sensação de coração disparado (palpitações) falta de ar, dor no peito, tonturas e até mesmo desmaios. Estes sintomas até podem ser confundidos com Síndrome do Pânico. Entretanto, são sinais de uma outra doença: a arritmia cardíaca - mudança do ritmo do coração.

Arritmia cardíaca é o nome genérico de diversas perturbações que alteram a frequência ou o ritmo dos batimentos cardíacos. Pode dever-se a várias razões. As arritmias ou disritmias podem levar à morte e constituir, por isso, um caso de emergência médica. A maior parte delas é, no entanto, inofensiva. O nódulo sinusal, na aurícula direita, é um grupo de células que regula esses batimentos através de impulsos eléctricos que estimulam a contracção do músculo cardíaco ou miocárdio. Quando esses impulsos eléctricos são emitidos de forma irregular ou conduzidos de forma deficiente, pode ocorrer arritmia cardíaca. Esta pode ser caracterizada por ritmos excessivamente rápidos (taquicardia), lentos (bradicardia) ou apenas irregulares.

Um dos tipos de arritmias é a fibrilação atrial. Aliás, a mais comum, mais difícil de tratar e a que mata mais. Esta doença já está sendo considerada epidemia mundial. O problema atinge 5 milhões de americanos, todos os anos.

10% da população americana, acima de 80 anos, têm fibrilação atrial. 1 em cada 4 pessoas, a partir de 40 anos, pode desenvolver o mal. Por aqui, os dados também não são nada animadores. A fibrilação atrial é a 5ª maior causa de internação no SUS (Sistema Único de Saúde).

Esta arritmia pode ocorrer de maneira silenciosa, ou seja, sem causar qualquer sintoma e ser descoberta durante um eletrocardiograma de rotina.

A boa notícia é que a fibrilação atrial tem cura. O cardiologista Eduardo Saad, que se formou na UFRJ e fez residência na Cleveland Clinic, é um dos poucos a utilizar o procedimento conhecido como ablação - que é o tratamento utilizado para curar a doença. Consiste em utilizar cateteres (fios) colocados dentro do coração para corrigir ritmos anormais, eliminando os sintomas. As medicações existentes são capazes de controlar até 50% o problema. Com a ablação entre 85% e 90% das pessoas ficam curadas.

Ablação de FA (Fibrilhação auricular).

Esta ablação é a mais complexa de todas. A que exige maior número de "cauterizações".

Enfim, é realizada do lado esquerdo do coração (átrio esquerdo), ao redor de veias que trazem sangue do pulmão para o coração (geralmente são 4). Portanto, é fundamental localizar bem estas veias, pois cauterizar dentro delas, mesmo que milimetricamente.
Além disso, a lesão que provocamos no tecido cardíaco através da cauterização não deve ser excessiva (pois pode furar o coração, provocar formação de coágulos). Porém, se não fizer algo robusto pode haver um efeito temporário apenas, com regeneração do tecido que deveria ser morto.

Aí que a técnica do eco intracardíaco (micro-camera dentro do coração) ajuda. Através desta sonda, que é colocada dentro do coração, é possível visualizar em tempo real todas as estruturas do coração e ter certeza de que as cauterizações estão sendo feitas no local correto, com grande precisão. Além disso, é possível também dosar a quantidade de energia da cauterização, pois podemos visualizar os efeitos que estão ocorrendo no tecido cardíaco, evitando o excesso (que significa risco) e também a falta (que significa maior chance de dar errado). Enfim, podemos maximizar os resultados e minimizar os riscos.


Eduardo Saad é membro da Associação Brasileira de Cardiologia; Membro especialista da Associação Brasileira de Arritmias Cardíacas e Membro especialista do Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial (Sociedade Brasileira de Cirurgias Cardíacas).

Um comentário:

  1. É uma sabedoria imensa poder entender essa máquina do ser humano, que é o coração.

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