domingo, 10 de outubro de 2010

Córnea biossintética pode ser solução para transplante



Ainda que em fase de testes e sem previsão para quando será comercializada, a córnea artificial já existe. Cientistas da Universidade de Ottawa, no Canadá, conseguiram recriar essa camada ocular em laboratório, eliminando a necessidade de um doador para a cirurgia.

Segundo May Griffith, uma das líderes do estudo, nos primeiros testes a córnea biossintética recuperou completamente a capacidade de enxergar em seis dos dez pacientes que tinham lesões ou doenças na córnea. Ela informou que, em todos os casos, as terminações nervosas voltaram a crescer e o novo tecido foi completamente incorporado ao organismo.

A pesquisadora ressaltou que o método acabou com dois dos principais problemas do transplante convencional: a rejeição ao tecido e a necessidade de tratamento de longo prazo com drogas que diminuem essa rejeição. As córneas biossintéticas também recuperaram a sensibilidade ao toque e voltaram a permitir a presença de lagrimas, que lubrificam os olhos e evitam problemas como infecções.

“Esta é a primeira vez que um trabalho mostra uma córnea criada artificialmente se integrando ao olho e estimulando a regeneração”, afirmou Griffith no estudo publicado na revista “Science Translational Medicine”.

Tempo

A criação do tecido artificial leva duas semanas. Cientistas sintetizam o colágeno, proteína que é um dos principais componentes da córnea natural, em laboratório. O colágeno, então, é moldado para ter formato e consistência muito parecidos com os de uma lente de contato convencional. O processo leva duas semanas.

Na cirurgia, os médicos fazem um corte circular e retiram o centro danificado da córnea. O novo tecido é então “costurado” ao que sobra da córnea natural. O tempo de operação é quase o mesmo dos atuais transplantes.

Que doenças podem ser corrigidas com o transplante de córnea?

Diversas doenças podem ser tratadas com o transplante de córnea:

- Ceratocone (doença que altera a curvatura corneana, podendo causar opacidades na córnea);

- Degeneração marginal pelúcida (doença parecida com o ceratocone e que também altera a curvatura corneana);

- Ceratoglobo (formato alterado da córnea, associado com afinamento da mesma);

- Distrofias corneanas (alterações bilaterais e progressivas que costumam provocar opacidades corneanas);

- Ceratopatia bolhosa (descompensação da córnea, com edema e diminuição da visão, devido à falência do endotélio da córnea);

- Córnea guttata e distrofia de Fuchs (descompensação corneana que pode progredir para ceratopatia bolhosa);

- Infecções corneanas graves;

- Leucomas (opacidades corneanas que podem ser originadas por diversas causas, como traumatismos, queimaduras químicas, infecções por herpes e distrofias corneanas, por exemplo);

- Perfurações oculares. 

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