sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Sexo é vida



Faz 12 anos, eu cuido de uma paciente que se tornou diabética aos 36 anos, após o nascimento de sua única filha.

A partir deste diagnóstico de diabetes, ela não se abateu, e sempre se cuidou muito bem.

Alimenta-se com muita disciplina, faz atividade física e usa religiosamente a insulina 2 vezes ao dia.

Há 12 anos incluiu nos seus cuidados o tratamento com acupuntura e vem à minha clínica toda semana para as sessões.

Como já faz tantos anos que cuido dela, a relação é de amizade, e eu já nem sei ao certo quem cuida de quem.

Toda semana ela traz 2 mimos para mim e independente de como esteja a clínica,não sai sem se certificar que dei a devida atenção para os seus mimos. Os mimos são , um lanche bem. balanceado e pasmem: uma revista Caras. Onde sempre tem, na opinião dela, uma matéria imperdível.

Outro dia esta paciente entrou em meu consultório com uma expressão bastante ansiosa, e disse-me:

- Dra Meira. Você precisa ajudar-me. Minha vida sexual acabou.
Essa preocupação, devo confessar-lhes, causou-me estranheza, pois trata-se de uma paciente de 81 anos. Casada há 60 anos.

Mas, calmamente, questionei-lhe. Mas o que houve?

O meu joelho, o meu joelho está doendo muito. Bom, minha expressão de espanto com certeza aumentou muito, pois ela olhou, fixamente e disse: -calma. Eu posso explicar.
 
E explicou-me: "Eu tenho 81 anos, o meu marido 86. Você acha que se eu não ficar por cima, ( poderia trocar por " se eu não tomar minhas providências")acontece alguma coisa lá em casa?"

A minha expressão de alegria deve ter sido transparente, pois eu realmente experimentei uma sensação de felicidade ao escutar essas palavras. Entendi algumas atitudes desta paciente, que são difíceis de instituir com outros pacientes. Ela sempre se cuidou com extrema determinação e delicadeza e sempre com muito bom humor..

Pensei:- com certeza sentindo-se amada e com vitalidade sexual aos 81 anos, não é difícil para ela realizar os cuidados que a mantêm bem, apesar de possuir uma doença crônica degenerativa há 45 anos.

Este fato veio comprovar o que eu sempre digo: o que determina o quando uma pessoa será feliz não são os problemas que ela têm, mas sim, o que ela faz com os problemas que a vida lhe apresenta. E como sempre estimulei meus pacientes a terem uma vida afetiva e sexual saudável, agora meus argumentos ficarão ainda mais convincentes. Realmente sexo com amor deve fazer parte da fórmula da longevidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário