segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Gel vaginal pode reduzir incidência de HIV em mulheres



Segundo os primeiros resultados de um estudo realizado na África do Sul sob patrocínio do Programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), um gel vaginal poderia reduzir as possibilidades de contágio de HIV nas mulheres que o aplicarem pelo menos 12 horas antes e 12 horas após uma relação sexual. As análises demonstraram que o gel teve 39% de efetividade em reduzir o contágio de HIV.

O estudo, ainda pendente de novos testes clínicos para constatar sua eficácia e poder colocá-lo à disposição pública, foi realizado na África do Sul com mulheres de idades compreendidas entre 18 e 40 anos e que usaram o gel seguindo a prescrição.

No entanto, os resultados – que já foram antecipados na 18ª Conferência Internacional de HIV em Viena, no mês de julho – ainda não são extrapoláveis para a população feminina mundial. Entre outras coisas, o Caprisa estuda quais variantes determinam o bom uso e poderiam reduzir a aplicação a uma única vez antes do contato sexual.

Se for confirmado que o gel – composto de uma matéria microbicida chamada tenofovir – pode prevenir o contágio sexual do HIV, as mulheres poderiam "ter mais oportunidades de se proteger a si mesmas sem a cooperação de seu companheiro", acrescentou Catherine Hankins, conselheira da Unaids.

Isto seria de grande ajuda nos países subsaarianos, onde a maior parte das mulheres com HIV foram infectadas por homens, e onde a Aids é uma grande causa de mortalidade materna.

Por isso, Hankins pediu aos cientistas e pesquisadores para trabalharem conjuntamente para concluir o projeto e provarem que um microbicida pode ajudar as mulheres a prevenir contágios de HIV.

Brasil deve investir mais na prevenção

Outro relatório divulgado pela Unaids elogia a forma como o Brasil lida com a Aids, mas também sugere que o país amplie seus investimentos na prevenção da doença.

“O Brasil deveria aumentar os esforços para atingir o objetivo de acesso universal à prevenção do HIV, considerando que menos de 7% do total de gastos com a Aids são destinados à prevenção”, diz o relatório Panorama Unaids 2010, publicado anualmente.

O documento, que cita dados referentes ao ano de 2008, informa que o Brasil gastou, naquele ano, US$ 623 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão) com seu programa de Aids.

O relatório afirma que, entre 2003 e 2008, um terço dos novos casos de Aids no Brasil foram diagnosticados nos últimos estágios da doença.

“Ampliar os testes de Aids e os serviços de acompanhamento para prevenir diagnósticos tardios deve ser uma prioridade”, diz o documento.

“Com sua reputação em relação ao tratamento e sua abordagem em termos de direitos humanos, o Brasil continua estendendo sua liderança ao redor do mundo”, afirma a Unaids, ressaltando, no entanto, que apenas 50% das mulheres grávidas soropositivas no Brasil têm acessos a serviços para prevenir a transmissão do HIV ao feto.

“O número de maternidades que efetivamente realizam esses serviços de prevenção da transmissão da doença para a criança deveria aumentar, sobretudo em áreas remotas, como a região da Amazônia, no norte e no nordeste do país.”

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